Legado da Segurança após 2014
Por André Pauli
Duas frases muito me marcaram, quais sejam: “A diferença entre os brasileiros e outras culturas é a que somos menos hipócritas” e “Os profissionais brasileiros possuem notório domínio das áreas do conhecimento da segurança; mas para obter o
reconhecimento em seu próprio país lhes é exigido ser showman e um sotaque internacional.”
Parece mesmo ser de nossa natureza a rigidez na avaliação do próprio desempenho ou trazemos no inconsciente coletivo uma herança dos imigrantes e colonizadores: o melhor estava nas suas terras. Somos um povo ainda muito jovem, ainda há poucos anos conheci uma pessoa que esteve pessoalmente com D. Pedro II, em Petrópolis – RJ, mas muito já temos do que nos orgulhar. Ou, como se dizia há muito tempo: “Temos garrafa velha para vender…”, notadamente quanto a segurança de grandes eventos, com destaque para um dos mais emblemáticos: O Carnaval – um show com sotaque genuinamente brasileiro.
A maturidade que alcançamos no campo da segurança pode ser identificada pelo número de especialidades e especialistas no mercado nacional. Já possuímos uma escola brasileira de segurança e exportamos conhecimento. Possuímos uma das mais
avançadas legislações na segurança privada. Duas associações nacionais de profissionais de segurança empresarial (www.abseg.com.br e http://www.abso.org.br) com certificação própria reconhecida e exigida quando da contratação para gestão de
segurança corporativa das maiores empresas do país. A Exposec – Feira de Sistemas Eletrônicos de Segurança e o COBRASE – Congresso Brasileiro de Segurança, realizados anualmente em São Paulo, fazem parte da agenda internacional de eventos,
mantendo os profissionais e disponibilidade de recursos tecnológicos “up to date”.
Comprovação da competência e capacidade de profissionais nacionais relacionados diretamente com grandes eventos pode ser encontrada em trabalhos de publicação de Igor Pípolo – ex-presidente da ABSEG: “Segurança em Grandes Eventos” (2010);
palestras e cursos de Roberto Marconi responsável segurança da Rede Globo em eventos como carnaval, grandes prêmios automobilísticos, dentre outros de igual complexidade e projeção internacional.
Ao término da Copa de 2014 herdaremos muito mais que estádios e benfeitorias públicas. A evolução da integração da segurança pública com a segurança privada serácertamente um dos mais expressivos e significativos ícones do legado de segurança após 2014.
O suporte de consultores, especialistas e empresas de segurança privada integrados com as forças de segurança pública será fundamental para que mesmo mantido o foco nas ameaças que afetem diretamente a realização dos eventos esportivos e seus correlatos, ainda assim deverá ser mantida a atenção para a segurança da cadeia logística (roubo a cargas), das instituições financeiras (roubo a bancos), segurança das empresas e condomínios residenciais, dentre outras. A repressão que se espera existir nas cidades sede, poderá ser elemento motivador para migração do crime para regiões e segmentos sem tradição na prevenção ao combate. O que vem fortalecer a importância do que se espera venha ser uma união que seja permanente e cada vez mais sólida no futuro.
Segurança não é força. É estratégia. 